“Dificilmente alguém imaginaria que o mundo pudesse virar de ponta
cabeça em apenas um dia. Certamente jamais imaginaríamos que estivéssemos tão
próximos de um fim, ainda mais de um fim que apenas conseguíamos ver nas telas
do cinema, ou até mesmo em jogos sanguinários onde você tem que sobreviver a
qualquer custo. De fato o mundo mudou bastante…”
Eric Butters vivia em sua pequena
residência numa pacata cidade chamada New River no Arizona. Ao contrario de
muitas das cidades naquela região, esta não possuía um clima deveras desértico,
ou com uma temperatura consideravelmente elevada. Aquela pequena cidade possuía
diversas árvores, o que tornava o ambiente muito mais fresco do que em algumas
partes do Arizona.
O homem vivia junto a sua família
formada por sua esposa Maggie, sua filha Rachel, e seu filho mais velho Tommas.
Sua família era muito comum, onde sua esposa dona de casa passava grande parte
do seu tempo cuidando de sua filha Rachel que nascera há três anos. O garoto
Tommas ajudava a família trabalhando em um mecânico, o jovem de dezesseis anos
não dava um trabalho considerável à família, apesar de sua idade perturbada.
Eric trabalhava como encanador, ficando geralmente a metade do dia fora de casa
para conseguir ganhar dinheiro suficiente para sustentar sua família. Todos
possuíam madeixas cor de mel, sendo suas peles consideravelmente brancas.
Naquele dia, Eric estava dentro da
casa do Sr. Douglas, um homem rechonchudo com aparência tristonha. O encanador
arrumava alguma coisa que havia se soltara de baixo da pia. O Sr. Douglas jazia
imóvel como um defunto sentado em sua poltrona, nem ao menos dava atenção à
televisão que ficara ligada o tempo todo. Ao fundo Eric conseguira ouvir o
noticiário local informando alguma coisa sobre uma epidemia de gripe em sua
cidade.
-
… Uma estranha epidemia de gripe surgiu em nossa cidade enquanto os médicos do
único hospital que temos buscam entender a origem desta doença. – Alguma coisa
esguichara em seu rosto, o que acabou enfurecendo o homem que não conseguira
mais prestar atenção nas noticias devido ao trabalho um tanto quanto
barulhento. Na sala a noticia continuava. – As mais de quinhentas pessoas
contaminadas que já foram encaminhadas ao hospital, continuam internadas
mantidas sobre quarentena. – Obviamente muitas das pessoas que estavam
contaminadas com aquela gripe ainda não haviam procurado o hospital, graças a
noticia que informara a super lotação do hospital graças à enorme quantidade de
pessoas com aquela doença.
O final do dia foi acompanhado por
uma música relaxante até a garagem de sua casa. Ao voltar do trabalho o homem
passara no estabelecimento que seu filho trabalhava para então dar-lhe uma
carona até em casa. O cheiro de ensopado penetrara no nariz dos dois que
adentravam a sala naquele instante, o cheiro fez ambas as barrigas roncarem de
fome. Não demorou ao lençol negro da noite cair sobre aquela cidade, fazendo a
iluminação noturna começar a funcionar. Jantaram tranqüilamente conversando
sobre o que havia ocorrido em seu dia, porém, Eric lembrou-se da noticia que
tinha escutado na casa do rechonchudo Sr. Douglas.
-
Amor… – Engoliu a comida em sua boca. – Você soube alguma coisa sobre essa
epidemia maluca que ta rolando ai na cidade? – Pausou esperando uma resposta de
sua mulher.
-
Sim, ia falar sobre isso com você agora. – Olhara para o filho que logo retribuíra
o mesmo olhar para a mãe. – Tom esteve tossindo hoje de noite, espero que seja
apenas o vento frio de ontem, e não essa doença que esta deixando um monte de
pessoas hospitalizadas. Falando nisso, a Sra. Elizabeth nossa vizinha esta
internada, seu marido ficou em casa, preferiu não ir ao hospital. Pelo jeito
temos que tomar cuidado, parece ser grave. – Afirmou o que com certeza todos
ali sabiam, afinal uma epidemia não era algo simples de se tratar.
-
Se for assim, acho melhor o Tom não ir trabalhar amanhã, quem sabe não foi
algum parceiro de trabalho dele que passou isso pra ele. Isso se for a gripe
mesmo… – Olhou para o filho, agora notando certa fraqueza em sua face. O resto
do jantar foi silencioso, apenas limparam seus pratos e levantaram-se para
fazer suas coisas.
O noticiário noturno continuava a
falar sobre a epidemia, enquanto quase todos na sala prestavam atenção na
televisão. Eric observava a janela da sala quando pousou sua mão canhota sobre
um pedaço de papel, que ao olhar notou ser o jornal diário. Passou os olhos
sobre as noticias, pegando coisas como, “O time da cidade continua vencendo os
jogos…”, “Homem é baleado ao reagir um assalto.”, “Helicóptero militar cai
próximo a cidade…”, “Ontem foi considerada a noite mais fria do ano…”, “Os
ventos fortes que passaram sobre a cidade na noite de ontem derrubaram três
árvores…”, não prestara muita atenção nas noticias, apenas folheou lendo por
cima as informações quando então o sono castigou-lhe com aquela incrível
fadiga. Logo, todos estariam dormindo. A noite começara a ficar mais fria,
quando subira para seu respectivo quarto, deitando em sua cama, junto a mulher.
O berço da criança ao pé da cama parecia quieto. Já o quarto de seu filho
produzia ecos de sofrimento, tosse atrás de tosse. "Aquele garoto precisa
melhorar... Espero que não passe de uma simples gripe.", pensou já
cansado, enquanto seus olhos fecharam pesados. Mergulhou no manto calmo dos
sonhos, retirando toda a preocupação de suas costas.
Naquela noite a tosse de Tommas piorou…